Papel do Tutor no Ambiente Virtual de Ensino

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Humano no mundo virtual:
atribuições em uma instituição modelo

José de Oliveira Júnior [1]

Resumo:

 Ape­sar papel de destaque do tutor dito vir­tu­al na lit­er­atu­ra sobre edu­cação à dis­tân­cia,  restam algu­mas incom­preen­sões quan­to ao seu papel, a começar do adje­ti­vo vir­tu­al que não dev­e­ria ser apli­ca­do a pes­soas. As incom­preen­sões, sobre­tu­do nas insti­tu­ições de ensi­no brasileiras, são ampli­fi­cadas quan­do se anal­isa as exigên­cias de qual­i­fi­cação, a mul­ti­pli­ci­dade de atribuições e a baixa remu­ner­ação, o que é anal­isa­do a par­tir de um caso con­cre­to um uma Uni­ver­si­dade Fed­er­al, revisan­do a lit­er­atu­ra brasileira recente. No que toca à reg­u­la­men­tação das ativi­dades de apoio à docên­cia, con­cluí­mos que a real­i­dade brasileira ain­da é anacrôni­ca até no que diz respeito ao próprio professor.

 Palavras-chave: edu­cação à dis­tân­cia, tuto­ria, profis­são docente, tuto­ria vir­tu­al, qual­i­fi­cação docente.

Abstract:

Despite the promi­nent role of the so-called vir­tu­al tutor in the lit­er­a­ture on online edu­ca­tion, there remain some mis­un­der­stand­ings about his role, start­ing from the adjec­tive vir­tu­al that should not be applied to peo­ple. The mis­un­der­stand­ings, espe­cial­ly in Brazil­ian edu­ca­tion­al insti­tu­tions, are ampli­fied when we ana­lyze the qual­i­fi­ca­tion require­ments, the mul­ti­plic­i­ty of attri­bu­tions and the low remu­ner­a­tion, which is ana­lyzed from a con­crete case in a Fed­er­al Uni­ver­si­ty, review­ing the recent Brazil­ian lit­er­a­ture. When it comes to the reg­u­la­tion of teach­ing sup­port activ­i­ties, we con­clude that the Brazil­ian real­i­ty is still anachro­nis­tic even as far as the teacher him­self is concerned.

Key­words: e‑learning, tutor­ing, teach­ing pro­fes­sion, vir­tu­al tutor­ing, teacher qualification.

1 Intro­dução

A efer­vescên­cia do e‑learning, den­tre as muitas trans­for­mações que intro­duz­iu ou aju­dou a con­sol­i­dar na edu­cação, fez sur­gir nat­u­ral­mente uma var­iedade de novos atores e práti­cas nas insti­tu­ições de ensi­no. Muito se dis­cu­tiu, em um debate que per­manece ace­so, sobre os tutores, um novo tipo de profis­sion­al que está se vul­gar­izan­do jun­to com a ofer­ta de mais e mais cur­sos on-line.

Alguns acrescem ao ter­mo tutor o adje­ti­vo “vir­tu­al”, para car­ac­teri­zar sua atu­ação enfati­ca­mente volta­da ao ensi­no através da WEB, em ambi­entes vir­tu­ais de apren­diza­gem. Con­tu­do, opta­mos por ini­ciar esse arti­go jus­ta­mente recu­san­do esse adje­ti­vo, que a nos­so jul­ga­men­to leva o leitor a con­fundir os tutores humanos – que exerci­tam uma ativi­dade através de meios dig­i­tais, com pos­síveis tutores real­mente virtuais.

Explic­i­ta­da a dis­tinção, e ain­da den­tro de um mod­e­lo de análise que bus­ca pre­dom­i­nante revis­ar a far­ta lit­er­atu­ra exis­tente sobre o assun­to, con­fronta­mos a plu­ral­i­dade de papéis atribuí­das ao nos­so ator e per­son­agem, o tutor, com uma situ­ação especí­fi­ca de exer­cí­cio des­ta ativi­dade em uma Uni­ver­si­dade públi­ca, no caso a Uni­ver­si­dade Fed­er­al de Sergipe (UFS, 2014 e Edi­tal 1/2021).

O obje­ti­vo final é lançar luzes sobre a con­tribuição deste novo profis­sion­al do ensi­no, bus­can­do delim­i­tar seu poten­cial de atu­ação e lim­ites práticos.

2 Difer­en­cian­do tutores vir­tu­ais e humanos

Os tutores que chamamos real­mente vir­tu­ais assumem a for­ma de avatares e são con­cepções de fato vir­tu­ais, ou seja, são pro­du­tos de soft­ware. Ain­da que rel­a­ti­va­mente inco­muns no está­gio atu­al de fun­ciona­men­to dos LMS (learn­ing man­age­ment soft­ware) ou AVA (ambi­ente vir­tu­al de apren­diza­gem), exis­tem várias exper­iên­cias avançadas de imple­men­tação descritas, e os recentes avanços no uso de avatares rodan­do sobre platafor­mas conexas de inteligên­cia arti­fi­cial provavel­mente estim­u­la­rão forte­mente sua pop­u­lar­iza­ção nos ambi­entes de edu­cação à distância.

Um exem­p­lo desse tipo de tutor é descrito em Mar­cos et al. (2019). Vale a pena con­hecer em mais exten­são a definição do tutor vir­tu­al forneci­da na con­clusão do arti­go que demon­stra sua con­strução e aplic­a­bil­i­dade no mod­e­lo de ensi­no uti­liza­do em uma Uni­ver­si­dade aberta:

O Tutor Vir­tu­al é uma analo­gia do tutor humano, pois ado­ta uma inter­face antropomór­fi­ca com car­ac­terís­ti­cas emo­cionais, com inteligên­cia arti­fi­cial, deven­do estar capaz de esta­b­ele­cer uma relação empáti­ca com o aluno enquan­to o moti­va para a par­tic­i­pação e real­iza­ção das tare­fas leti­vas de uma deter­mi­na­da unidade cur­ric­u­lar. O Tutor Vir­tu­al dev­erá estar disponív­el online para cada estu­dante, instan­cian­do-se como um medi­ador que inter­pre­ta um deter­mi­na­do esta­do do aluno, em ter­mos da sua assiduidade, par­tic­i­pação e avali­ação, para espo­le­tar ações de avi­so, recomen­dação e infor­mação, procu­ran­do moti­var à par­tic­i­pação e envolvi­men­to na unidade cur­ric­u­lar (Mar­cos et al., 2019, p. 38).

Veja-se que esta analo­gia do tutor humano” se coad­una bas­tante com a definição de tutor que encon­tramos como geral­mente descri­ta como tutor vir­tu­al. Recu­per­amos aqui uma citação de Grossi et al., (2013, p. 661), para enfa­ti­zar a neces­si­dade da dis­tinção terminológica:

Diante da estru­tu­ra orga­ni­za­cional dos cur­sos a dis­tân­cia na modal­i­dade online através das class­es vir­tu­ais com base na inter­net, o tra­bal­ho do tutor vir­tu­al e suas inter­ações com os out­ros atores, que con­fig­u­ram o cur­so em que atua, adquire relevân­cia fun­da­men­tal. A tuto­ria gan­ha grande importân­cia nesse con­tex­to vir­tu­al de apren­diza­gem por ser respon­sáv­el por asse­gu­rar as comu­ni­cações bidi­re­cionais entre tutor-aluno e aluno-pro­fes­sor, comu­ni­cações que são essen­ci­ais para que ocor­ra a con­strução do con­hec­i­men­to (Grossi et al., 2013, p. 661).

Este tutor “vir­tu­al” é um tutor humano, desem­pen­han­do uma ativi­dade pre­dom­i­nan­te­mente on-line (o que, esper­amos, não lhe reti­ra a humanidade, por cer­to!). Ativi­dade esta que se artic­u­la de for­ma “essen­cial” com a atu­ação tipi­ca­mente mul­ti­dis­ci­pli­nar do time orga­ni­zador das ativi­dades de edu­cação à dis­tân­cia. Esta sim­ples com­para­ção estim­u­la à com­para­ção dos papéis atual­mente exigi­dos do tutor humanos, como ver­e­mos a seguir no caso con­cre­to de um mod­e­lo ado­ta­do por uma Uni­ver­si­dade Fed­er­al seguin­do os dita­mes da con­cepção fed­er­al para as Uni­ver­si­dades Aber­tas e sua ofer­ta de ensi­no supe­ri­or online (ou par­cial­mente online). 

3 Tutor na Uni­ver­si­dade Aberta

3.1 Edi­tal da UFS

Em jul­ho de 2021 a UFS lançou um Edi­tal para a seleção (ain­da em cur­so no momen­to em que escre­vo) para a con­tratação de tutores (UFS, 2021). O exaus­ti­vo tex­to detém-se em dema­sia nas regras de seleção de can­didatos, mas remete-nos às regras ofi­ci­ais ado­tadas pela insti­tu­ição, que pre­ten­dem estar em sin­to­nia com a CAPES, do MEC, para a definição do papel dos tutores (UFS, 2014).

Para a insti­tu­ição, é ao que com­pete realizar “ativi­dade de apoio téc­ni­co-pedagógi­co, necessários ao acom­pan­hamen­to das ativi­dades acadêmi­cas dos dis­centes, visan­do à facil­i­tação da apren­diza­gem”, bus­can­do ori­en­tar o proces­so seja nas “ativi­dades pres­en­ci­ais ou no Ambi­ente Vir­tu­al de Apren­diza­gem (AVA), medi­ante divul­gação de infor­mações gerais sobre o fun­ciona­men­to acadêmi­co dos cur­sos, esclarec­i­men­to de dúvi­das sobre con­teú­dos, metodolo­gias de ensi­no e moti­vação para per­manên­cia do aluno nos cur­sos” (UFS, 2014).

O tutor, por­tan­to, se ded­i­ca a ativi­dades no ambi­ente dig­i­tal e tam­bém no ambi­ente pres­en­cial, dev­i­do ao caráter híbri­do do mod­e­lo aber­to. Mas suas atribuições são dis­tin­guidas de maneira clara nas duas frentes de tra­bal­ho: “A tuto­ria é exer­ci­da na modal­i­dade Pres­en­cial e a Dis­tân­cia. I. A Tuto­ria Pres­en­cial é desen­volvi­da, nos polos de apoio, de for­ma indi­vid­ual ou cole­ti­va. II. A Tuto­ria a Dis­tân­cia (AD) é real­iza­da vir­tual­mente, de for­ma indi­vid­ual e cole­ti­va, sobre­tu­do no Ambi­ente Vir­tu­al de Apren­diza­gem — AVA.”

Quan­do exam­i­namos mais aten­ta­mente os req­ui­si­tos de capac­i­tação profis­sion­al exigi­dos, vemos que mes­mo o Tutor Pres­en­cial usa parcela con­sid­eráv­el do seu tem­po para ori­en­tar o uso do ambi­ente vir­tu­al, per­mitin­do que o pro­fes­sor se dedique pri­or­i­tari­a­mente ao con­teú­do das disciplinas.

A ênfase é clara na descrição detal­ha­da das ativi­dades con­ti­das no documento:

“Com­pete, especi­fi­ca­mente, à Tuto­ria Pres­en­cial: I. Ori­en­tar os alunos sobre o uso do Ambi­ente Vir­tu­al de Apren­diza­gem (AVA), em todos os aspec­tos iner­entes ao sis­tema, tais como: a. aces­so; b. local­iza­ção das pági­nas das dis­ci­plinas; c. ativi­dades pro­gra­madas; d. plane­ja­men­tos acadêmi­cos; e. recur­sos mul­ti­mí­dia ou recur­sos de apren­diza­gem com­ple­mentares; f. iden­ti­fi­cação de tutores AD; g. envio de ativi­dades; h. con­sul­ta a resul­ta­dos de ativi­dades, além de par­tic­i­pação em chats e fóruns, den­tre out­ras. II. Enviar men­sagem na primeira sem­ana do perío­do leti­vo, a todos os alunos, com as seguintes expli­cações per­ti­nentes ao uso do AVA: a. como aces­sar a Platafor­ma Moo­dle; b. como aces­sar as pági­nas das dis­ci­plinas; c. como atu­alizar o per­fil pes­soal; d. como par­tic­i­par dos fóruns e chat; e. como enviar men­sagens aos demais usuários do sis­tema; f. como iden­ti­ficar tutores, cole­gas e demais usuários do sis­tema; g. como ver­i­ficar cal­endário de ativi­dades; h. como enviar ativi­dades pro­gra­madas (UFS, 2014, p. 5)”.

 3.2 Reg­u­la­men­tação e Remuneração

Em uma ráp­i­da com­pi­lação, Bernadi­no (2011, p. 6) afir­ma que “as insti­tu­ições de ensi­no que investem em EaD têm dado cada vez mais espaço ao tutor, profis­sion­al respon­sáv­el pelo proces­so de inter­ação aluno, pro­fes­sor e mate­r­i­al didáti­co”. De fato, o exame da reg­u­la­men­tação da UFS cor­rob­o­ra esta afir­ma­ti­va e demon­stra que o papel do tutor (que, vale lem­brar, começamos por diz­er da inad­e­quação do adje­ti­vo “vir­tu­al”) é exer­ci­do de for­ma ori­en­ta­da ao ambi­ente dig­i­tal, mes­mo em ativi­dades pres­en­ci­ais, pos­sivel­mente para asse­gu­rar aos estu­dantes pouco ambi­en­ta­dos com o uso da WEB resul­ta­dos mel­hores na práti­ca diária com os dis­pos­i­tivos de aces­so ao AVA.

Essa pre­ocu­pação está dis­pos­ta, para as Uni­ver­si­dades que ofer­e­cem a modal­i­dade aber­ta, em dis­posições da CAPES que remon­tam a 2004 e já pre­vi­am explici­ta­mente a tuto­ria ao per­mi­tir a inclusão de “méto­dos e práti­cas de ensi­no-apren­diza­gem que incor­porem o uso inte­gra­do de tec­nolo­gias de infor­mação e comu­ni­cação para a real­iza­ção dos obje­tivos pedagógi­cos, bem como pre­v­er encon­tros pres­en­ci­ais e ativi­dades de tuto­ria” (MEC, 2004, p. 1).

No entan­to, ape­sar da descrição das ativi­dades ser detal­ha­da, e da exigên­cia de qual­i­fi­cação ser sig­ni­fica­ti­va (inclu­sive de con­hec­i­men­to rela­ciona­do à a dis­ci­plina e adi­cional­mente de con­hec­i­men­to téc­ni­co de infor­máti­ca), o vín­cu­lo de tra­bal­ho uti­liza­do é a modal­i­dade de bol­sa tem­porária, e remu­ner­ação, em 2020, de R$ 1.100,00 ao mês (MEC, 2017, p. 1).

Ou seja, a maior com­plex­i­dade dos req­ui­si­tos profis­sion­ais não leva a uma remu­ner­ação mel­hor nem tam­pouco a uma reg­u­la­men­tação profis­sion­al adequada.

Este cenário, diante dos desafios da reg­u­la­men­tação da própria ativi­dade docente no Brasil, não chega a ser sur­preen­dente. Em uma impor­tante análise que demon­stra o quan­to a profis­são de pro­fes­sor no Brasil, ape­sar de uma pro­fusão de regras e forte buro­c­ra­cia, não con­segue ultra­pas­sar a her­ança do Império:

A esta­ti­za­ção da docên­cia – ini­ci­a­da, no Brasil, com a refor­ma pom­bali­na – não foi capaz de levar adi­ante a con­strução de uma cod­i­fi­cação deon­tológ­i­ca nos moldes das exis­tentes para as demais profis­sões lib­erais, caso dos médi­cos, den­tis­tas, advo­ga­dos, engen­heiros, den­tre out­ros. Assim, emb­o­ra tam­bém sejam reg­u­la­men­tadas pelo Esta­do, essas profis­sões pos­suem um maior grau de autono­mia na gestão e na fis­cal­iza­ção inter­nas, real­izadas por seus próprios mem­bros, o que não ocorre com a classe dos pro­fes­sores. Ao con­tro­lar o exer­cí­cio for­mal da docên­cia, o Esta­do atribui ao pro­fes­sor a condição de fun­cionário, pri­van­do-lhe de autono­mia na reg­u­lação de sua profis­são (Cer­i­ca­to, 2016, p. 3).

O pon­to desta­ca­do por Cer­i­ca­to é muito rel­e­vante: na docên­cia, os profis­sion­ais do ensi­no não reg­u­la­men­tam a sua ativi­dade, e assim, ain­da que rap­i­da­mente pos­sam com­preen­der e impor­tar os mod­e­los edu­ca­cionais trazi­dos pela mod­ernidade tec­nológ­i­ca, traduzir ess­es mod­e­los em reg­u­la­men­tação profis­sion­al, alter­ação das car­reiras profis­sion­ais, e enfim, levar ao mun­do insti­tu­cional as mudanças que já rev­olu­cionaram o uni­ver­so da práti­ca edu­ca­cional diária, é sem­pre difícil.

3 Con­sid­er­ações Finais 

 

Começamos essa revisão bib­li­ográ­fi­ca do papel e atribuições do tutor no mun­do da edu­cação à dis­tân­cia por ques­tionar o adje­ti­vo “vir­tu­al” apli­ca­do aos profis­sion­ais da ativi­dade. Alguns autores chamam de “tutor vir­tu­al” a um profis­sion­al da edu­cação, uma espé­cie de facil­i­ta­dor pedagógi­co que colab­o­ra com o pro­fes­sor cuidan­do de vários aspec­tos que, na dinâmi­ca online requerem uma assistên­cia espe­cial ao aluno.

No entan­to, o tutor de que falam­os é humano (demasi­a­do humano, como diria Niet­zche, talvez?). Avanços tec­nológi­cos podem levar a vul­gar­iza­ção de avatares dig­i­tais com capaci­dade se tornarem, estes sim, tutores real­mente vir­tu­ais. Assim, ajus­tar o vocab­ulário é impor­tante, para não sac­ri­fi­car­mos a humanidade dos tutores, e para com­preen­der­mos a difer­ença de papéis.

Deste comen­tário, intro­duz­i­mos um caso con­cre­to de uma Uni­ver­si­dade Fed­er­al inseri­da no pro­gra­ma fed­er­al de Uni­ver­si­dades Aber­tas, que usa tutores humanos, denom­i­na­dos tutores pres­en­ci­ais, em modal­i­dade pres­en­cial e à dis­tân­cia. No caso especí­fi­co, mes­mo na modal­i­dade pres­en­cial, as ativi­dades exigi­das do tutor são forte­mente rela­cionadas ao ambi­ente vir­tu­al de apren­diza­gem, preparan­do e facil­i­tan­do o domínio do aluno.

Ain­da assim, é necessária a atu­ação com­ple­men­tar do tutor à dis­tân­cia, este sim, cujas atribuições são com­ple­ta­mente ader­entes ao que a lit­er­atu­ra chama de tutor nos cur­sos de edu­cação à distância.

Dis­cutin­do as exigên­cias de qual­i­fi­cação e remu­ner­ação destes profis­sion­ais, vimos que há uma dis­pari­dade bas­tante grande, sobre­tu­do porque a ativi­dade do tutor acon­tece ape­nas na modal­i­dade de bol­sas tem­porárias, de acor­do com o mod­e­lo e val­or salar­i­al definido pela CAPES. Assim, ape­sar do papel ino­vador, o nív­el remu­ner­atório dess­es profis­sion­ais é desestimulante.

Final­izamos traçan­do uma con­sid­er­ação adi­cional que aju­da a explicar esse cenário: A reflexão sobre as difi­cul­dades da própria com­preen­são e reg­u­la­men­tação da ativi­dade docente, que cer­ta­mente con­tribui para o baixo nív­el da remu­ner­ação, não só do pro­fes­sor, mas das várias ativi­dades com­ple­mentares lig­adas ao ensi­no. No caso brasileiro, bem desen­hado por Cer­i­ca­to, isso remon­ta, entre out­ras razões aqui não dis­cu­ti­das porque fogem ao escopo deste tra­bal­ho, à difi­cul­dade de super­ar a visão das insti­tu­ições edu­ca­cionais ain­da no perío­do pom­bali­no, o que exem­pli­fi­ca, por uma óti­ca orig­i­nal, um novo aspec­to do choque iner­ente aos desafios de uma edu­cação mod­er­na e pre­dom­i­nan­te­mente volta­da ao ambi­ente vir­tu­al, ain­da pre­sa às insti­tu­ições anacrônicas. 

4 Refer­ên­cias Bibliográficas

Bernadi­no, H. (2011, jul­ho). A tuto­ria na EAD: os papéis, as com­petên­cias e a relevân­cia do tutor. Revista Cien­tifi­ca de Edu­cação a Dis­tân­cia. https://bit.ly/2UH18iv

Cer­i­ca­to, I. L. (2016). A profis­são docente em análise no Brasil: Uma revisão bib­li­ográ­fi­ca. Revista Brasileira de Estu­dos Pedagógi­cos, 273–289. https://doi.org/10.1590/S2176-6681/373714647

Grossi, M. G. R., Cos­ta, J. W., & Mor­eira, M. M. (2013). O papel do tutor vir­tu­al na edu­cação a dis­tân­cia. Edu­cação (UFSM), 659–674. https://doi.org/10.5902/198464446656

Mar­cos, A., Car­val­ho, E., Mar­t­in­ho, C., Cláu­dio, A. P., Car­mo, M. B., & Rocio, V. (2019). Os avatares Maria e João: Tutores vir­tu­ais na platafor­ma e‑learning da Uni­ver­si­dade Aber­ta. https://repositorioaberto.uab.pt/handle/10400.2/8238

MEC. (2004). Por­taria 4.059/2004.
http://portal.mec.gov.br/sesu/arquivos/pdf/nova/acs_portaria4059.pdf

MEC. (2017). CAPES, Por­taria 139/2017. MEC. https://bit.ly/3eRyrWV

UFS. (2014). Instrução Nor­ma­ti­va Número 01/2014 UFS/CESAD. UFS. https://bit.ly/3iKLSZO

UFS. (2021). Edi­tal 1/2021 UFS/CESAD. https://bit.ly/3i1qe4t

[1] Econ­o­mista. Espe­cial­ista em Ciên­cias Soci­ais (Esta­do e Sociedade no Nordeste do Brasil) e Empreende­doris­mo. Mes­tran­do em Tec­nolo­gias Emer­gentes em Edu­cação pela Must Uni­ver­si­ty. E‑mail josedeoliveira.junior@gmail.com.

Arti­go pub­li­ca­do em Rocha, B. B. da, Ivan­ic­s­ka, R. F., & Sil­va, J. (2021). Os cenários da edu­cação con­tem­porânea: Debates, desafios e per­spec­ti­vas (1o ed). Edi­to­ra Schreiben. https://doi.org/10.29327/551956.


Capa de OS CENÁRIOS DA EDUCAÇÃO CONTEMPORÂNEA
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Oliveira Jr.

Economista. Especialista em Ciências Sociais (Estado e Sociedade no Nordeste do Brasil) e Empreendedorismo. Mestre em Tecnologias Emergentes em Educação (Must University, 2022).

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