Foto de Edvaldo Nogueira como presidente da FNP

“Achamos que é muito impor­tante a questão do pacto fed­er­a­ti­vo e sua retoma­da. Há uma inver­são do fed­er­al­is­mo brasileiro em que os municí­pios que hoje têm car­ga grande de tra­bal­ho e prestação de serviço à comu­nidade ficam com a menor parte do bolo tributário” 

Um indis­cutív­el e opor­tuno acer­to, o arti­go d Edval­do Nogueira na Fol­ha de São Paulo, no encer­ra­men­to do ano pas­sa­do, pro­pon­do “um novo pacto fed­er­a­ti­vo para a recon­strução do país”. A agen­da tem um sig­nifi­ca­do que, na min­ha opinião, reper­cu­tiu menos do que dev­e­ria em Sergipe.

Remem­o­ro: ain­da com Ger­al­do Alck­min, na tran­sição, do alto da impor­tante tri­buna que o pos­to de pres­i­dente da Frente Nacional de Prefeitos lhe asse­gu­ra, Edval­do expres­sou o tema como chave para o diál­o­go com os Prefeitos (veja reporta­gens do JL Políti­ca em 24/11/2022 ou do UOL, de 23/11/22). Segue-se, em 21/12/22, o arti­go já men­ciona­do na Fol­ha de SP (link aqui). Este ano, o tema virou agen­da dos primeiros encon­tros do Prefeito, com os Min­istros de Lula, Már­cio Mace­do e Alexan­dre Padilha.

Opor­tuno e importante

Em um gov­er­no que se propõe a um momen­to de recon­strução nacional, repor as agen­das de maneira orga­ni­za­da e respeitosa com os inter­locu­tores é a primeira e mais óbvia for­ma de reesta­b­ele­cer as pri­or­i­dades das políti­cas públi­cas. O insuces­so de Bol­sonaro em esta­b­ele­cer um diál­o­go com Gov­er­nadores e Prefeitos, para além de cre­dos ide­ológi­cos rad­i­cal­iza­dos e questões políti­co-eleitor­eiras, demon­strou pelo mau exem­p­lo que esse diál­o­go, se bem con­duzi­do, pode garan­tir de fato a con­dução de políti­cas públi­cas eficazes.

Na região Nordeste, então, diante da rep­re­sen­ta­tivi­dade indi­vid­ual­mente peque­na de Esta­dos e municí­pios, o for­t­alec­i­men­to de enti­dades que os rep­re­sen­tem cole­ti­va­mente é condição bási­ca para inserção nas questões nacionais.

A for­ma de orga­ni­za­ção dos Gov­er­nadores da região demon­stra isso, e, vejam só, são exata­mente os Gov­er­nadores do Nordeste que pri­or­izavam a atu­ação cole­ti­va em pau­tas region­ais con­jun­tas, os atu­ais Min­istros de Lula em áreas estratég­i­cas. Cito, de memória, Rui Cos­ta, Wel­ing­ton Dias, Cami­lo Calazans, Flávio Dino, todos par­tic­i­pantes das fre­quentes reuniões dos Gov­er­nadores. Além dis­so, no cam­po dos Prefeitos, temos Luciana San­tos, tam­bém nordes­ti­na e Min­is­tra das Ciên­cias e Tecnologia.

O próprio Min­istro Padil­ha ini­ciou sua atu­ação no Planal­to pela Sec­re­taria de Assun­tos Fed­er­a­tivos, órgão ded­i­ca­do ao tema no iní­cio do Gov­er­no Lula.

Por razões de afe­to, além das políti­cas, vale lem­brar a par­tic­i­pação de Már­cio Mace­do e Eliane Aquino, famil­iar­iza­dos com a orga­ni­za­ção dos Prefeitos des­de a gestão ini­cial de Marce­lo Déda na Prefeitu­ra e Eliane como fre­quente sub­sti­tu­ta de Beli­v­al­do Cha­gas na orga­ni­za­ção dos Gov­er­nadores, onde Sergipe sem­pre teve pre­sença atuante.

A lista de nomes cor­rob­o­ra a opor­tu­nidade: no Gov­er­no Lula a artic­u­lação dos entes fed­er­a­dos não poderá ser esque­ci­da. Mas e a importân­cia do assunto?

Nesse cam­po, o prin­ci­pal prob­le­ma a meu ver é de comu­ni­cação. O con­ceito é obscuro para muitas pes­soas, demo­ra a se traduzir em ações efe­ti­vas que con­sigam ir além de reuniões e eventos.

No entan­to, os números cita­dos por Edval­do aju­dam a lançar luzes sobre as questões de fun­do. De fato, a fed­er­ação desen­ha­da na car­ta con­sti­tu­cional vem sendo destroça­da pela atu­ação da União e isso decorre das políti­cas fis­cais; da ausên­cia de mecan­is­mos ade­qua­dos para a gestão fis­cal respon­sáv­el de Esta­dos e Municí­pios; da redução do orça­men­to para inves­ti­men­tos estru­tu­rantes acen­tu­a­da pela entre­ga aos par­la­mentares de per­centu­al sig­ni­fica­ti­vo para as emen­das; das alter­ações infrale­gais do sis­tema trib­utários que priv­i­le­giam a União e der­retem a par­tic­i­pação das cidades e Estados.

São temas que pre­cisam de reflexão apro­fun­da­da e, como pon­to de par­ti­da, diál­o­go políti­co de alto nív­el, aci­ma da polar­iza­ção ide­ológi­co e de inter­ess­es paro­quiais. Jogo para craques.

Foto de Gus­ta­vo Rocha/PMA, deste link.

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Oliveira Jr.

Economista. Especialista em Ciências Sociais (Estado e Sociedade no Nordeste do Brasil) e Empreendedorismo. Mestre em Tecnologias Emergentes em Educação (Must University, 2022).

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