Gráfico da pontuação ODS das capitais nordestinas.

Como está Ara­ca­ju em relação ao ating­i­men­to dos chama­dos Obje­tivos do Desen­volvi­men­to Sus­ten­táv­el? Para recor­dar e intro­duzir o assun­to, vale lem­brar que os ODS – sigla para Obje­tivos do Desen­volvi­men­to Sus­ten­táv­el – são um con­jun­to de recomen­dações da ONU lança­dos como políti­co glob­al em 2015, e que pre­ten­dem “acabar com a pobreza, pro­te­ger o meio ambi­ente e o cli­ma e garan­tir que as pes­soas, em todos os lugares, pos­sam des­fru­tar de paz e de pros­peri­dade” [1].

Ess­es nobres obje­tivos de abrangên­cia plan­etária se tornaram na práti­ca um guia de forte influên­cia para a for­mu­lação de políti­cas públi­cas, em vários níveis do Gov­er­no. Os obje­tivos foram divi­di­dos em dezes­sete sub­con­jun­tos de ações, resum­i­dos na ilus­tração abaixo.

Ilustração dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável.
Ilus­tração dos Obje­tivos do Desen­volvi­men­to Sustentável.

Ara­ca­ju, des­de o iní­cio da gestão do Prefeito Edval­do Nogueira tem apre­sen­ta­do obje­tivos pro­gramáti­cos que incor­po­ram e se alin­ham gener­i­ca­mente aos obje­tivos globais do ODS. No entan­to, como esse con­jun­to amp­lo e nobre e promes­sas para o futuro pode ser trans­for­ma­do em ações práti­cas no dia a dia e con­tribuir para efe­ti­vas trans­for­mações práti­cas na vida das pes­soas em seu ambi­ente urbano?

Para aux­il­iar a apli­cação práti­ca desse pro­gra­ma – trans­for­man­do os macros obje­tivos de políti­cas públi­cas nas ações cotid­i­anas da gestão – a ONU incor­porou recomen­dações especí­fi­cas. Uma das fac­etas dessas sug­estões é a cri­ação de sis­temas de indi­cadores, capazes de apre­sen­tar dados com­par­a­ti­va­mente basea­do em estatís­ti­cas con­fiáveis, de for­ma a demon­strar o nív­el de exe­cução das políti­cas públi­cas nos vários níveis fed­er­a­tivos (já que o alcance dos ODS exige ações con­jun­tas e orga­ni­zadas no plano da União, dos Esta­dos e dos Municípios).

Para o Brasil, tive­mos em 2022 o lança­men­to do sis­tema estatís­ti­co de acom­pan­hamen­to através do IDSC–BR, Índice de Desen­volvi­men­to Sus­ten­táv­el das Cidades – Brasil, for­mu­la­do, desen­volvi­do e man­ti­do por um con­jun­to de enti­dades com­pro­meti­das com o pro­gra­ma da ONU (índices disponíveis no web­site IDSC — BR Índice de Desen­volvi­men­to Sus­ten­táv­el das Cidades – Brasil (cidadessustentaveis.org.br).

Essa fer­ra­men­ta fornece um indi­cador na for­ma de um índice que varia de 0 a 100, onde a nota máx­i­ma cor­re­sponde à situ­ação ide­al de ating­i­men­to de todas as metas. Uma nota de 50 seria o meio do cam­in­ho, pois.

E como está Aracaju?

A respos­ta é: esta­mos muito próx­i­mos à metade do cam­in­ho, com uma nota de 49,59, na posição número 1799 em um rank­ing de todos os municí­pios do Brasil.

Isso é muito ou pouco? É um bom número?

Para respon­der essa dúvi­da pre­cisamos avançar um pouco mais na fer­ra­men­ta divul­ga­da e faz­er algu­mas com­para­ções, além de anal­is­ar com pro­fun­di­dade os obje­tivos estabelecidos.

Uma maneira ini­cial de saber se esta­mos bem é com­parar a cidade de Ara­ca­ju com out­ras refer­ên­cias próx­i­mas. Começamos pelas demais nordes­ti­nas ini­cial­mente. Nes­sa escala, esta­mos jus­ta­mente no meio do cam­in­ho como mostra o grá­fi­co abaixo (que ela­bor­ei usan­do os dados da fer­ra­men­ta descrita):

Gráfico da pontuação ODS das capitais nordestinas.

Elab­o­ra­do pelo autor com dados do Rank­ing do Índice de Desen­volvi­men­to Sus­ten­táv­el das Cidades, disponív­el em IDSC — BR Índice de Desen­volvi­men­to Sus­ten­táv­el das Cidades – Brasil (cidadessustentaveis.org.br).

Como vemos, em com­para­ção com out­ras cap­i­tais da região Nordeste, Ara­ca­ju está exata­mente em uma posição cen­tral, per­den­do para João Pes­soa, Sal­vador, Recife e For­t­aleza. Mas está na frente de Natal, Teresina, Maceió e São Luís.Ago­ra, quais seri­am as dez cidades mais avança­dos do Brasil na con­quista dos ODS? Pode­ri­am servir de mod­e­lo?Não à toa, todas as dez estão em São Paulo: São Cae­tano, Jun­di­aí, Val­in­hos, Salt­in­ho, Taguaí, Vin­he­do, Cerquil­ho, Sertãoz­in­ho, Limeira e Borá (veja a lista das cem primeiras neste LINK).Sim, os dese­qui­líbrios region­ais pro­fun­dos têm forte influên­cia no mau desem­pen­ho do Nordeste nes­ta lista.

E se olhar­mos ape­nas o Esta­do de Sergipe, quais seri­am as nos­sas dez primeiras cidades em desen­volvi­men­to sus­ten­táv­el? Ei-las:

Clas­si­fi­cação

Cidade

Pon­tu­ação

1799

Ara­ca­ju

49,59

1823

Itaba­iana

49,54

2857

Macam­bi­ra

46,34

2979

Bar­ra dos Coqueiros

46,01

3116

Lagar­to

45,58

3189

Cumbe

45,33

3259

Mal­hador

45,15

3367

Boquim

44,80

3368

Pro­priá

44,80

3371

Indi­aro­ba

44,78

Ess­es números são sig­ni­fica­tivos de difer­enças em políti­cas locais de desen­volvi­men­to? Essa é uma respos­ta que ain­da requer maior estu­do dos indi­cadores estatís­ti­cos, em um nív­el maior de detal­hamen­to. O índice foi lança­do há poucos meses, e pre­cis­ará ser mel­ho­ra­do em alguns aspec­tos metodológi­cos e na incor­po­ração de fontes de dados de alta con­fi­a­bil­i­dade.Por out­ro lado, os gov­er­nantes pre­cisam ser cobra­dos pela pop­u­lação para apre­sen­tar pro­postas efe­ti­va­mente capazes de trans­for­mar a real­i­dade social do país, e nesse sen­ti­do os ODS e suas fer­ra­men­tas de gestão podem ser de imen­so auxílio para as políti­cas públi­cas.Mais adi­ante, votare­mos a dis­cu­tir ess­es números em um recorte mais detal­ha­do, bus­can­do seg­re­gar os dados ref­er­entes a cada um dos dezes­sete obje­tivos e a agen­da 2030 – data ambi­ciosa pro­gra­ma­da pela ONU para, recordemos, “acabar com a pobreza, pro­te­ger o meio ambi­ente e o cli­ma e garan­tir que as pes­soas, em todos os lugares, pos­sam des­fru­tar de paz e de prosperidade”. 

[1] Pági­na da ONU, na ver­são brasileira do site, disponív­el em Obje­tivos de Desen­volvi­men­to Sus­ten­táv­el | As Nações Unidas no Brasil.

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Oliveira Jr.

Economista. Especialista em Ciências Sociais (Estado e Sociedade no Nordeste do Brasil) e Empreendedorismo. Mestre em Tecnologias Emergentes em Educação (Must University, 2022).

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