
- 08/03/2023
- Oliveira Jr.
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Em que aspectos a cidade de Aracaju deveria melhorar para alcançar melhores índices de desenvolvimento sustentável, levando em conta a métrica instituída pela ONU? A pergunta instigante pode ser respondida apenas com algumas consultas ao website Índice de Desenvolvimento Sustentável das Cidades, que permite a visualização numérica dos resultados obtidos em uma centena de indicadores estatísticos relevantes para comparar o desenvolvimento.
Como vimos no artigo anterior, a cidade de Aracaju tem uma pontuação global de 49,59, bastante próxima aos 50 pontos que é exatamente a metade do caminho dos 100 pontos possíveis. Comparada a outras capitais da região Nordeste, Aracaju também está no meio do caminho, melhor que São Luís, Maceió, Teresina e Natal e abaixo das demais.
Onde melhorar?
A importância do índice é que ele ajuda a orientar as políticas públicas de gestão da cidade, SE, é importante levar em conta esse alerta, as métricas não estiverem equivocadas ou enviesadas. Atualmente, após a COVID19 e seus perversos efeitos, e levando em conta que o censo decenal do IBGE se encontra bastante atrasado, muitos dos indicadores disponíveis não são inteiramente confiáveis, dificultando a decisão dos gestores e o trabalho dos técnicos.
Vamos aos números de Aracaju, observando as dezessete áreas em que se deve priorizar o desenvolvimento, segundo a formulação do índice. O gráfico abaixo mostra exatamente quais os melhores e piores critérios para a cidade (disponível neste LINK):

O Radar dos ODS mostra que a melhor performance da cidade está no critério ODS 9, que diz respeito à indústria, inovação e Infraestrutura, o único critério sinalizado em verde apesar da nota ser 84,55. Mas do ponto de vista da nota absoluta a cidade também está bem pontuada no critério ODS 13, que trata a ação contra a mudança global do clima (nota 90,1); e no critério 6, água limpa e saneamento (com o registro de que ainda cabem melhorias significativas).
E quais os piores indicadores?
A menor nota da cidade está no critério 5, que diz respeito à igualdade de gênero (triste constatação para o dia de hoje, dedicado às mulheres). A pontuação é de apenas 26,26 dos 100 pontos possíveis, e os indicadores de taxa de feminicídio e a baixa participação feminina na Câmara de Vereadores (referente à legislatura anterior), puxam a nota para baixo.
O outro indicador muito ruim é o de número 15, proteger a vida terrestre (nota 27). Neste, os índices relacionados a preservação de áreas florestadas e à proporção do território abrangidos por unidades de conservação são os mais críticos.
O critério 11, intitulado cidades e comunidades sustentáveis, é o terceiro pior no Radar dos ODS. Esse critério embute indicadores relacionados à qualidade de vida, e registra aspectos negativos para a Aracaju em relação à forte presença de habitações ou assentamentos em condições subnormais.
Veja a seguir o conjunto dos critérios e a sinalização de todos os indicadores pertinentes a Aracaju, todos retirados do website do ISDC — Cidades Sustentáveis.
Conclusão
O radar dos ODS foi concebido com uma ferramenta auxiliar à gestão das cidades. Apresenta indicadores um pouco defasados, a nível de Brasil, mas ainda assim promove uma comparação objetiva e baseada em dados, que deve ser levada em conta com um apoio, um auxílio à gestão, sem substituir claro o pensamento analítico e o discernimento político que os Prefeitos eleitos agregam à exercício do múnus público.
Aracaju para crescer no índice ainda precisa enfrentar questões básicas ligadas aos graves problemas da distribuição de renda e suas consequências na condição de trabalho, moradia, saúde, segurança pública etc. Estas variáveis quase nunca estão apenas sob a gestão do Prefeito, e esforços conjunto de todos os níveis federativos e de ação estatal são imprescindíveis para modificar a triste desigualdade social que esses indicadores retratam.